Gleisi Hoffmann é presidente do PT, mas age como se fosse
presidente do Brasil — ou, no mínimo, ministra da Casa Civil quando a Casa
Civil era chefiada pelo todo poderoso José Dirceu. A petista está mandando
na Esplanada, articula queda de ministros e seleciona integrantes para o
Conselho de Administração da Petrobras. Toda demanda de petistas ou aliados
passa por ela.
Poucas vezes na história da República se viu uma pessoa
sem cargo no Executivo mandar tanto. Nem quando a própria Gleisi comandou a
“gerência” do governo no primeiro mandato de Dilma. Enquanto a imprensa
comercial tenta empoderar a festiva Janja, é Gleisi quem exerce de fato o poder
no Palácio do Planalto e com olhos postos em 2026.
Só nesta semana, a presidente do PT defendeu o afastamento de Juscelino Filho (União Brasil) do cargo de ministro das Comunicações, repetiu ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e foi flagrada negociando cargos no Conselho de Administração da Petrobras. Ah sim, também partiu para cima da imprensa e cantou de galo no terreiro de Fernando Haddad.
Ontem, a ministra sem pasta ameaçou processar o Estadão,
após a divulgação de prints de conversa dela com o coordenador-geral da
Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, sobre indicações feitas
pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para o conselho da
Petrobras.
Num tuíte, Gleisi disse que o jornal havia cometido
uma “violência” contra o “direito constitucional da
privacidade”. Semanas atrás, porém, comemorou quando a Folha flagrou
Campos Neto interagindo com ex-ministros de Bolsonaro num grupo de WhatsApp. E
ainda usou a reportagem para cobrar a renúncia do titular do BC. “É contra
o Brasil. Eu acho que ele deveria pedir para sair do Banco Central. Ele não tem
nada a ver com esse projeto que ganhou nas urnas”, declarou Gleisi.
Na semana passada, protestou contra a reoneração de
combustíveis, falando em “descumprimento
de promessa de campanha”. Depois, quando a cobrança de PIS/Cofins
voltou, ela disse que o governo
teve “sensibilidade“ na
questão. Irritados com o “fogo amigo”, aliados de Haddad afirmam ser “mais
fácil” aguentar o Congresso de oposição do que a própria presidente do
partido. O
miniministro da Economia até tentou reagir, dizendo publicamente
que “a decisão final” é de Lula, o que só enfraqueceu ainda mais sua
posição frente à colega.
O climão se estende a outros integrantes do PT, como
Washington Quaquá, vice-presidente nacional da legenda, que postou foto ao lado
de Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde de Bolsonaro — para Gleisi, um
“desrespeito”. A loira e seu namorado, Lindbergh Farias, desfilaram no
Sambódromo aos beijos, mas evitaram o camarote do ex-prefeito de Maricá.
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