Os governos estaduais chegaram a um acordo para implantar
a alíquota única de ICMS sobre a gasolina, que foi criada em lei aprovada no
governo Jair Bolsonaro (PL) mas estava sendo discutida no STF (Supremo Tribunal
Federal).
Em convênio do Confaz (Conselho Nacional de Política
Fazendária), definiram uma alíquota de R$ 1,45 por litro, tanto para a gasolina
quanto para o etanol anidro que compõe o combustível vendido nos postos.
O valor é bem superior ao praticado nesta segunda
quinzena de março, segundo mostram dados da Fecombustíveis (Federação Nacional
do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes). Atualmente, o maior
ICMS sobre a gasolina é cobrado no Piauí, R$ 1,24 por litro.
Em São Paulo, a alíquota atual equivale a R$ 0,89 por litro.
Com a mudança, haverá uma diferença de R$ 0,56 por litro.
Os economistas Andréa Angelo e Felipe Salto, da Warren
Rena, calculam que a mudança pode provocar aumento médio de 11,45% no preço da
gasolina, com impacto de 0,5 ponto percentual na projeção do IPCA para 2023.
Segundo eles, o valor do novo ICMS equivale a uma
alíquota de 27,5%, superior, portanto, aos 17% a 18% usados como teto para
produtos essenciais. "Então, poder-se-ia concluir que a essencialidade
estaria de fato afastada para a gasolina", afirmam.
O preço da gasolina já teve forte alta nos postos no
início de março, com o retorno da cobrança de impostos federais sobre o
combustível. Na semana passada, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo,
Gás e Biocombustíveis), o produto foi vendido, em média, a R$ 5,51 por litro.
O valor é R$ 0,43 por litro, superior ao verificado no
fim de fevereiro, alta bem superior aos R$ 0,26 estimados pelo mercado
—considerando que a nova alíquota é de R$ 0,47 por litro e a Petrobras cortou
seus preços de venda em R$ 0,13 por litro para minimizar o aumento.
A nova alíquota passa a vigorar no dia 1º de julho. Será
única em todo o país e cobrada em reais por litro —hoje, cada estado cobra um
percentual sobre preço de referência definido a cada quinze dias em pesquisas
nos postos.
O modelo atual é criticado pelo setor por retroalimentar
os aumentos de preço nas refinarias: após a alta nas bombas, os estados elevam
o preço de referência para cobrança do imposto, gerando novo repasse ao
consumidor final.
Além disso, dizem, incentiva fraudes tributárias com a
compra de combustíveis em estados onde o ICMS é mais barato para a venda
clandestina naqueles com maior tributação.
A mudança foi aprovada pelo Congresso com apoio do
governo Bolsonaro em maio de 2022, mas os estados recorreram ao STF. Em um
primeiro momento, houve acordo sobre o diesel, que terá a alíquota única em
vigor a partir de 1º de abril.
Também neste caso, é prevista alta nos postos, já que a
alíquota definida, de R$ 0,95 por litro, é superior aos valores vigentes
atualmente. O consultor Dietmar Schupp, especialista em tributação de
combustíveis, estima que o valor é R$ 0,13 superior ao vigente na primeira
quinzena de março.
O preço do diesel também será pressionado no início do
mês pelo aumento no percentual obrigatório da mistura de biodiesel de 10% para
12%. A decisão acarretará aumento médio de dois centavos por litro, segundo
estimativa do Ministério de Minas e Energia.
Folha de São Paulo
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