O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL),
afirmou nesta segunda-feira (6/3) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) ainda não possui uma base “consistente” no Congresso
Nacional para aprovar projetos. Segundo o parlamentar, ainda levará
tempo para que a base seja consolidada, mas no momento o Executivo não tem
votos suficientes para negociar matérias, como é o caso da reforma tributária,
nem na Câmara e nem no Senado Federal.
As declarações foram feitas durante uma palestra com
dirigentes da Associação Comercial de São Paulo. Lira ainda ressaltou que a
estabilização do governo deve acontecer antes de a reforma tributária chegar ao
plenário.
“Nós teremos um tempo, também, para que o governo se
estabilize internamente antes de votar a reforma tributária, porque hoje o
governo ainda não tem uma base consistente, nem na Câmara e nem no Senado, para
matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional”,
disse o presidente.
No encontro com os empresários, Lira afirmou que há um
“esforço incansável” para aprovar a medida de forma “possível”. O presidente
também defendeu a criação de um grupo de trabalho para analisar a reforma
tributária. O GT é formado por 12 deputados, que representam os principais
partidos da Câmara.
Em diálogo com interlocutores, o presidente já havia
citado a possibilidade de a reforma ser aprovada em plenário já em maio, após o
GT apresentar seu parecer final. O documento deve ser uma junção entre a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 45/2019, da Câmara, e a PEC nº
110/2019, do Senado, que simplificam o sistema tributário ao criar um imposto
único para substituir uma série de tributos sobre o consumo.
A medida que prevê a simplificação da tributação sobre o
consumo terá como base duas propostas de emenda à Constituição (PECs) em
tramitação no Congresso, e o governo poderá acrescentar ou retirar alguns
pontos. Ambas as PECs reúnem diversos tributos que hoje incidem sobre o consumo
em menos tributos.
A PEC nº 45/2019 prevê a criação do Imposto sobre Bens e
Serviços (IBS). O tributo substituiria duas contribuições – o Programa de
Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (Cofins) – e três impostos – o Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI), o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o
Imposto sobre Serviços (ISS). Esse texto da Câmara, que visa a regulamentação
da reforma tributária, atualmente se encontra em estágio muito mais avançado do
que a PEC nº 110/2019, que tramita no Senado.
A PEC nº 110/2019 cria dois tributos: a Contribuição
sobre Bens e Serviços (CBS), que ficaria com a União, e o Imposto sobre Bens e
Serviços (IBS). Pela proposta, a CBS substituiria a Cofins, o PIS e o Programa
de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep).
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