A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado
aprovou nesta quarta-feira (10) projeto de lei que equipara as ações praticadas
por grupos organizados criminosos a atos terroristas. A proposta segue para a
Câmara dos Deputados.
O texto é alvo de críticas de delegados da Polícia
Federal por ser considerado amplo demais e gerou discussão sobre a
possibilidade de enquadramento de movimentos sociais, sobretudo o MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O projeto foi apresentado pelo senador Styvenson Valentim
(Podemos-RN) em reação à onda de ataques organizada por facções criminosas no
Rio Grande do Norte em março, com queima de ônibus e prédios públicos.
O relator do texto, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), um dos
vice-líderes do governo Lula (PT), retirou do texto que havia sido aprovado
pela Comissão de Segurança Pública o trecho que enquadrava “distúrbios civis”
como atos terroristas.
Com a mudança, o governo decidiu votar a favor do PL
(projeto de lei), e a aprovação na CCJ foi unânime. O líder do governo no
Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que o tema “gera sensibilidade muito forte
em muitos segmentos”, mas que o relatório havia chegado a bom meio-termo.
A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia
Federal) afirma em relatório técnico que o PL fará com que “inúmeros crimes
comuns” sejam enquadrados como “atos terroristas”, o que, consequentemente, vai
sobrecarregar a PF e a Justiça.
“A aprovação do referido PL acarretará o enquadramento de
inúmeros crimes comuns como atos terroristas e, consequentemente, a sobrecarga
da Polícia Federal e da Justiça Federal, que passariam a investigar e a julgar,
respectivamente, todo e qualquer ato que possa ser minimamente equiparado à
prática de terrorismo no Brasil.”
Entre outros pontos, o projeto de lei afirma equipara a
ato de terrorismo a conduta de “obstaculizar ou limitar a livre circulação de
pessoas, bens e serviços”.
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