Enfim, chegou o mês de junho. Como bom nordestino, apaixonado pela rica cultura que emana do povo sofrido, o mês junino reserva aquele friozinho gostoso, que sempre pede um forró e um bom aperitivo, é o mês da maior e melhor festa popular do Brasil. 

Os festejos juninos são comemorados em todo o país, mas foi no Nordeste que se tornaram uma grande tradição, especificamente na zona rural com a matutada dançando um autêntico forró pé de serra num chão batido embaixo de uma latada de palha e sapé, ao som da sanfona, triangulo e zabumba. É uma festa popular, onde as pessoas celebram a alegria, e as famílias aproveitam as férias para estar juntas, onde a capital faz o caminho contrário e vai reencontrar suas raízes. 

Infelizmente, hoje nos sentimos tristes e saudosista em ver essa tradição se perdendo. Não faz muito tempo, as fogueiras eram queimadas nas portas das casas, as quadrilhas juninas eram formadas pelos parentes, amigos e vizinhos. 

A música soava no fole de 120 baixos do Gonzagão, na voz marcante de Dominguinhos, na maestria do Trio Nordestino, Os Três do Nordeste, Marinez, Alcimar Monteiro, Jorge de Altinho, entre tantos outros nomes do forró pé de serra, que se esforçavam para manter essa linha musical, sem perder a referência. Comidas típicas, brincadeiras e religiosidade, compunham o leque de atrações da festa do interior. 

É preciso, urgentemente, que se pense em resgatar essa tradição, e não descaracterizá-la, tentando inserir ritmos musicais que nada tem a ver com a festa e a tradição junina, que estão tentando substitui-la ou "vende-la",  com palcos gigantes, luzes e bandas formadas de última hora para tocar playbacks, axés, pagodes, sem falar no pseudo forró, o plastificado. 

Ritmos como o pancadão, axé music, sertanejo universitário, brega, pagode, dentre tantos outros, há algum tempo vêm ocupando um espaço nas festas juninas que tradicionalmente era ocupado pelo forró, fato que tem sido constantemente motivo de protesto tanto por parte dos artistas regionais das raízes forrozeiras, como pela sociedade que defendem a preservação da cultura regional. 

A Festa de São João foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Por isso, é preciso conscientizar a sociedade, e principalmente a juventude e os produtores de eventos, da necessidade urgente, de se manter viva essa tradição, pois um povo sem passado e sem cultura, é um povo sem historia. 

É como diz o refrão: A fogueira tá queimando em homenagem a São João! O forró já começou, vamos gente, rapapé nesse salão! - Luiz Gonzaga.

E viva Santo Antônio, São João e São Pedro!