O ano era 2021. Os professores da rede municipal de Natal
estavam em greve lutando pelo reajuste do piso nacional da categoria que o
prefeito Álvaro Dias (na época no PSDB, agora no Republicanos) vinha se
recusando a implantar.
Naquele ano a categoria reivindicava 12,84%.
Sem disposição para o diálogo, Álvaro Dias entrou na
justiça e conseguiu uma liminar do Desembargador Amaury Moura Sobrinho na
véspera do Natal de 2021.
Sindicato teria que voltar ao trabalho sob pena de multa
diária R$ 10 mil, a categoria incialmente peitou a decisão, mas o peso
financeiro assustou e recuou da greve.
Álvaro saiu vitorioso e, blindado pela mídia natalense,
com praticamente zero desgaste. O prefeito se deu ao luxo de não pagar o piso
de 2021, ignorar o reajuste de 33,24% sem qualquer provocação sindical e em
2023 negociou quando quis e como quis.
Enquanto a governadora Fátima Bezerra (PT) e o prefeito
Allyson Bezerra (SD) encararam greves desgastantes, a primeira finalizando com
acordo e o segundo seguindo o modelo de Álvaro, o prefeito natalense sentou
para dialogar com a categoria com seis meses de atraso.
Propôs um “pegar ou largar” de 7%, pouco menos da metade
dos 14,95% previstos pela Lei Federal. O retroativo só será pago ano que vem.
A categoria bovinamente aceitou mesmo diante de uma
defasagem de 67% no piso. O prefeito deixou os professores de joelhos.
Os professores de Natal estão sem condições políticas de
fazer novas greves e mobilizações.
O modelo de Álvaro foi seguido por Allyson que ano
passado conseguiu fechar acordo, mas esse ano escolheu o confronto. O prefeito
de Mossoró já viu o quanto judicializar funciona quando retirou direitos dos
servidores em junho e viu quatro sindicatos recuarem de uma greve geral.
Fátima atendeu os professores com um acordo bem mais
vantajoso do que o de Álvaro, que impactou em R$ 1 bilhão na folha de pagamento
anual do Estado, impedindo de reajustar os salários de outras categorias.
O modelo de solução para greves com ajuda do judiciário
usado por Álvaro terminou sendo copiado por Fátima, uma ex-líder sindical que
fez carreira defendendo os servidores, que encerrou a greve da saúde
judicializando e está adotando o mesmo método para fazer os servidores Detran
descruzarem os braços.
Greve se resolve com acordo. A judicialização com
garantia de vitória para os governos é um retrocesso democrático.
Blog do Barreto.
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