Nas negociações para aprovar o pacote completo de medidas
econômicas (reforma tributária, PL do Carf e marco fiscal) e entrar de vez na
base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o centrão está pedindo para ficar
com o comando de dois ministérios, quatro estatais e um incremento de R$ 10
bilhões em emendas no segundo semestre, além do que já está previsto no
orçamento.
O centrão reivindica dois ministérios: Desenvolvimento
Social, chefiado por Wellington Dias (PT), e Esporte, comandado por Ana Moser.
Sobre as estatais, o controle dos Correios e da Embratur é um pleito do União
Brasil. O centrão quer também a presidência da Caixa Econômica Federal e a
Funasa (Fundação Nacional de Saúde), que tem como presidente Francisco Américo,
aliado do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
A informação é de Julia Duailibi, do G1 e da GloboNews.
Auxiliares de Lula dizem que o governo se recusou a
negociar agora, “com a faca no pescoço”, em meio às votações desta semana, mas
sinalizou que as tratativas serão retomadas em agosto, depois do recesso.
A fatura do centrão não inclui o Ministério do Turismo,
que será comandado pelo deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), aliado do
presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Na quinta-feira (6), em meio à
pressão do União Brasil para adiar a votação da reforma tributária, o ministro
das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, divulgou uma nota oficializando
a escolha de Sabino.
As pastas e órgãos desejados pelo centrão são todos
controlados por quadros ligados ao PT ou partidos próximos. As substituições
podem implicar na redução da participação feminina no primeiro escalão do
governo, já que há órgãos cobiçados que são chefiados por mulheres.
Segundo Julia, o governo está disposto a ceder em alguns
pontos, abrindo espaço para Republicanos e PP na Esplanada, mas considera a
fatura pedida pelo centrão muito alta.
A abertura de diálogo deve ser suficiente para destravar
as votações do PL do Carf e do arcabouço ainda antes do recesso, mas o centrão
pede mais para que de fato os partidos do grupo formem uma base de sustentação
sólida.
Pedido “blocado”
Segundo interlocutores no Planalto e fontes no Congresso,
o centrão fez um pedido “blocado”, ou seja, sem especificar quais ministérios e
estatais devem ficar com quais partidos. Os representantes do centrão na
negociação são os líderes de Elmar Nascimento (União Brasil-BA), André Fufuca
(PP-MA), Hugo Motta (Republicanos-PB) e até Altineu Côrtes (PL-RJ).
A presença do PL no bloco se justifica pelo fato de que a
bancada do partido no Nordeste é mais próxima do lulismo e também almeja espaço
no governo.
R$ 10 bilhões em emendas
De acordo com fontes do governo, o centrão pediu um
incremento de R$ 10 bilhões no orçamento das emendas para o segundo semestre.
Para liberar o dinheiro, o Executivo teria de abrir um crédito extraordinário
no orçamento, conhecido, no jargão político, como “jumbão”.
O orçamento de 2023 tem cerca de R$ 36 bilhões em emendas
individuais, de bancada e de comissão, o maior valor já destinado para emendas
na história. Além disso, o governo dispõe de R$ 9,8 bilhões na rubrica RP-2,
dinheiro que o Executivo herdou do orçamento secreto após decisão do STF
(Supremo Tribunal Federal) de proibir as emendas do relator. Embora a RP-2 não
seja uma emenda, o recurso é usado pelo governo para negociações com o
parlamento.
Até hoje Arthur Lira e o centrão tentam reaver o controle
desse recurso. Os R$ 10 bilhões adicionais seriam para cobrir o dinheiro
perdido com a decisão do Supremo.
Portal 98FM
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