Cerca de 178
mil crianças com 4 e 5 anos não frequentam a pré-escola no
Brasil por dificuldades no acesso. É o que mostram dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua reunidos pela ONG Todos pela
Educação.
O levantamento
considera escolas públicas, privadas e conveniadas. Desde 2009, a matrícula de
crianças de 4 e 5 anos é obrigatória de acordo com a legislação vigente.
As razões
agrupadas como “dificuldade de acesso” pelos pais incluem a falta de
escola/creche na região ou muito distantes; falta de vagas e crianças não
aceitas na escola/creche por causa da idade. Este motivo reúne 42% das crianças
da faixa etária que não frequentam o ambiente escolar, o que equivale a 178 mil
pessoas.
“São famílias
que querem matricular mas deixam por falta de acesso. É uma falha do poder
público não garantir uma pré-escola próxima de casa, com condições, transporte
escolar, aquilo que temos como padrão de oferta pro ensino fundamental”, expõe
Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.
Logo atrás,
aparecem 170 mil crianças não matriculadas por escolha dos responsável, 40% do
público. “Os pais optam por não matricular, provavelmente muitos não sabendo que
é obrigatório. Falta clareza, conscientização, busca ativa por parte do
município”, diz Priscila.
“A atenção à
primeira infância precisa ser prioridade, ainda não é. Temos um contingente
enorme de pessoas que não entendem a importância da frequência escolar para o
desenvolvimento cognitivo, social das crianças. Essa consciência de que precisa
se priorizar a infância muitas vezes não está nas famílias, não está no poder
público”, destaca.
Crianças de
famílias pobres são as mais afetadas
O maior número
de crianças com 4 e 5 anos que não frequentam a escola foi encontrado em 2022
na faixa de famílias que recebem até um quarto de salário mínimo por mês.
Enquanto 88% deste público frequenta o ambiente escolar, 12% está fora dele.
Quanto maior a
renda da família, menor é a porcentagem de crianças com 4 e 5 anos fora da
escola. Na faixa entre 3 e 5 salários mínimos, por exemplo, o percentual de não
matriculados é de apenas 2%.
“No fundo, a
lente pelo qual deveríamos olhar a oferta de qualquer política pública, principalmente
na educação, que é capaz de romper o ciclo de exclusão e pobreza, devia ser a
lente de redução de desigualdade e produção de igualdade”, pontua Priscila.
“Quanto mais pobre é a família e a localidade, mais rápido tem que ser a oferta
de serviços públicos.”
Já com o recorte
de dados de raça, o maior percentual em 2022 de crianças dentro desta faixa
etária e fora da escola é de indígenas (9%). Em seguida, estão as pardas (8%),
brancas (7%) e pretas (6%).
Fonte: Metrópoles
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