A Petrobras está entrando em uma fase perigosa para as
contas da empresa, com a maior defasagem entre o preço praticado internamente
na comercialização de gasolina e diesel e o cobrado no exterior desde o anúncio da mudança na política da estatal. Em 16 de maio, a
petroleira informou o mercado que não buscaria mais a paridade intencional para
definir o preço praticado pelas refinarias da companhia.
A nova fórmula, ainda pouco clara, tenta reduzir os
impactos da volatilidade nos preços do combustível e garantir um custo mais
baixo na bomba para o consumidor brasileiro. O problema é que as refinarias
nacionais não têm capacidade de refino para atender toda a demanda nacional.
A diferença era importada por distribuidoras locais,
antes da mudança na política de preços. Agora, porém, a importação ficou
exclusiva da Petrobras, uma vez que as empresas que faziam isso
anteriormente não compram os combustíveis no exterior, porque estariam pagando
um preço maior e ficariam pressionados a vender por um preço menor.
O prejuízo da operação ficou para a estatal brasileira,
portanto. É a petroleira que faz as importações e revende a preços menores por
aqui para segurar o valores nas bombas dos postos de combustível pelo país. O
problema é que se essa diferença fica muito alta, a manobra pode ficar
insustentável e prejudicar as contas da empresa.
Esse parece ser o caso no momento. De acordo com
levantamento da Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis),
o diesel está com preço defasado em 30% nos polos Petrobras. A esse nível
analistas acreditam que a estatal começa a flertar com prejuízos muito altos
para serem mantidos.
Não por acaso, o presidente da Petrobras, Jean Paul
Prates, procurou Lula há alguns dias para alertá-lo do problema e apontar
a necessidade de correção. O petista não aceitou os cálculos de
Prates. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na
semana passada que se o preço internacional continuasse a subir, o valor do
combustível seria reajustado nas refinarias da Petrobras para reduzir a
disparidade.
Além disso, relato de Sindicatos de Transporte e
Abastecimento de Minas Gerais apontam falta de diesel no interior do estado em função da
falta de combustível importado. “Está tendo uma restrição pesada, e
ninguém consegue atender com totalidade os seus parceiros. A Shell não consegue
atender todos os clientes dela, a Ipiranga também não. Então já há uma redução
na quantidade solicitada”, afirmou Juliana Martins, diretora do Sindicato das
Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais ao jornal O
Tempo.
Desde o início de junho, o preço do barril de petróleo
tipo Brent, referência para a Petrobras, subiu cerca de 20%, enquanto o diesel
S10, por exemplo, caiu cerca de 5% no período, segundo dados da Agência
Nacional de Petróleo.
0 comentários:
Postar um comentário