As projeções dos repasses do Fundo de Participação de
Municípios (FPM) de setembro têm agravado o cenário de crise com as sucessivas
quedas nas transferências. O segundo decêndio do mês - previsto para ser
creditado nas contas das prefeituras na próxima quarta-feira, 20 de setembro,
no valor de R$ 938,3 milhões, já descontada a retenção do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb), reforça essa constatação. O montante indica queda de 4,87%
em comparação ao mesmo período do ano passado.
O pessimismo em relação aos repasses pode ser evidenciado
em todos os cenários levantados pela Confederação Nacional de Municípios (CNM)
e que estão na nota produzida pela entidade com base nos dados divulgados pela
Secretaria do Tesouro Nacional (STN). De acordo com a CNM, o acumulado de
setembro de 2023 registra queda de 24,44% na comparação com o mesmo período do
ano passado.
Se levar em consideração apenas as somas dos dois
primeiros repasses ao que foi transferido nos decêndios de setembro de 2022, a
situação é ainda mais crítica, com redução real de 27,76%, ou seja, percentual
calculado desconsiderando a inflação. O acumulado do ano até o momento oscilou,
mas também indica percentual negativo e chegou a 1,44% de redução nos repasses
em relação ao mesmo período do ano passado.
Perdas significativas
Ao converter em valores alguns dos percentuais listados na nota da Confederação, a queda acumulada da arrecadação bruta do FPM entre o primeiro decêndio de julho e o segundo decêndio de setembro já está em aproximadamente R$ 5,2 bilhões, ou seja, valores que as prefeituras deixaram de receber nesse período.
Se levar em conta somente o início do segundo semestre, o FPM indicou queda de 6,35%, o que significa dizer cerca de menos de R$ 2,6 bilhões nas contas dos Municípios e impacto direto na prestação de serviços essenciais à população. Desconsiderando os repasses adicionais de 1% de julho e setembro, a situação piora e chega à redução de 12% ou R$ 3,9 bilhões que não chegaram aos Municípios.
Motivos
A CNM esclarece que a sequência de reduções nos repasses
do FPM ocorreram por conta da redução de 16,4% ou R$ 13,2 bilhões da
arrecadação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), explicada pela
diminuição do lucro das empresas, em especial aquelas ligadas à exploração de
commodities (produtos primários com cotação no mercado internacional).
Neste ano, as restituições do Imposto de Renda (IR) foram
elevadas em R$ 6,6 bilhões no período (crescimento de 22,7%), o que também
contribui com a redução do montante repassado aos Municípios. A perda total dos
recursos a serem repassados via FPM neste segundo semestre chega a R$ 17,6
bilhões. Confira a
íntegra da nota do FPM.
Compensação
A Confederação tem atuado junto ao Congresso Nacional e
ao governo federal para minimizar as adversidades enfrentadas pelos Municípios
de todo o país com as quedas nas transferências. Resultado de articulação do
movimento municipalista com os parlamentares na semana passada, a Câmara dos
Deputados aprovou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 136/2023.
O texto trata da compensação da União pela redução de
alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) que impactou as
receitas de Estados e Municípios e que fazem parte da cota-parte do FPM. Também
fica estabelecida no PLP 136/2023 a antecipação dos valores que seriam pagos em
2024 e a criação de um apoio financeiro para recomposição de quedas no FPM.
Segundo os cálculos da Confederação, utilizando as
estimativas oficiais de crescimento do FPM de setembro de 2023 da STN, a medida
significa uma compensação de aproximadamente R$ 3,6 bilhões aos Municípios. O
projeto ainda precisa ser aprovado pelo Senado. Saiba mais
aqui.
Mobilização Municipalista
Diante das inúmeras adversidades dos gestores na redução do FPM e em outros entraves da gestão municipal como o subfinanciamento dos programas federais, a implementação de pisos salariais e o aumento do custeio, a Confederação vai promover uma nova Mobilização Municipalista nos dias 3 e 4 de outubro para mostrar à sociedade, aos parlamentares e à imprensa a crítica situação das prefeituras. A concentração em Brasília, que deve receber o maior número de participantes neste ano, está com as inscrições abertas.
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