Olho D'água do Borges/RN -

Lula e Fátima Bezerra

 

Quando Lula ganhou a eleição de presidente e Fátima Bezerra de governador no RN, a impressão era que o nosso estado teria oportunidade de crescer, com apoio do governo federal.

A proximidade da governadora Fátima com o presidente é talvez uma das maiores entre todos os governantes brasileiros.

Reivindicações – O tempo passa e não se ouve anúncio de empreendimentos de largo alcance econômico e social.

Ressalvem-se atendimentos de certas reivindicações, quase repasses automáticos, autorizados por lei.

A licitação do aeroporto de São Gonçalo do Amarante era uma exigência administrativa e o “hub” dos Correios falava-se há tempo.

Iniciativa privada – Os avanços significativos na exploração da energia eólica, inclusive off shore, são iniciativas com o mérito da iniciativa privada, a exemplo de algumas ações na área do turismo.

Cidades polos – A SUDENE, definiu cidades polos para aporte de recursos e o RN ficou com apenas três: Caicó, Mossoró e Natal. Para ser justo, não vejo má vontade do governo federal.

Hora – Faltaram projetos ousados, que dessem “choque de crescimento” ao Estado.

Está na hora de convocar os “talentos” (sobretudo jovens) e formar o “mutirão do RN do futuro”, visando viabilizar ideias, que possam transformar-se em projetos.

Sugestões – A título de mero “palpite” e por ter passado a vida sonhando com um RN desenvolvido, sugiro alguns pontos, sem pretender ser o dono da verdade.

Agroindústria – Reivindicar para o Estado a montagem de cidades polos nas principais regiões geoeconômicas, que funcionariam consorciadas a municípios, na identificação da vocação econômica natural dessas áreas.

Estimular a agroindústria, o empreendedorismo agrícola e integrá-lo ao agronegócio brasileiro, visando a exportação de comodities.

Extensão universitária – Defendo há anos, mobilizar estudantes universitários da rede estadual, em trabalhos de extensão universitária, com seleção multidisciplinar, que prestariam serviço em estágios, juntamente com professores e a administração estadual.

Um tipo CRUTAC 2023, projeto vitorioso da UFRN, que foi ampliado para todo o país.

Divisas – O polo exportador e turístico no Grande Natal, em torno do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, seria projeto do interesse do país pela geração de divisas, que equilibraria a nossa balança de pagamentos.

Não há melhor lugar na América Latina, do que o RN, pela proximidade geográfica com África e Europa.

ZPE – Não adianta falar em ressuscitar ZPE de Macaíba ou em outro local.

É preciso saber que ZPE já existiu. Não existe mais.

Hoje o modelo, que vem da China espalhado pelo mundo, é de “zonas econômicas especiais” (áreas de livre comério).

A diferença é que a ZPE produzia um produto específico.

As áreas econômicas especiais produzem vários produtos para exportação.

Para sermos ouvidos, temos que estar atualizados.

Sonho – Tudo dependerá da governadora Fátima Bezerra acreditar, que é “possível” obter o apoio do seu amigo presidente Lula.

Em governos passados fiz essas sugestões e me chamaram de sonhador, por aqueles que só acreditam em projetos “por baixo do pano”, com incentivos fiscais abundantes, sem prestação de contas da aplicação e com lucro previamente “dirigido para grupos”.

A propósito de sonho é bom lembrar o que alguém afirmou: “Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado”.

É hora de Fátima Bezerra acreditar no sonho, enquanto Lula é presidente.

Post scriptum –

Martin Luther King acreditou no sonho de uma nação, onde seus quatro filhos seriam julgados pelo caráter e não pela cor da pele.

JK acreditou em Brasilia e sempre repetia que “Para o sonho converter-se em realidade, há necessidade de coragem, audácia e determinação.”

Aluízio Alves e Cortez Pereira, governadores do RN.

O primeiro acreditou no sonho de trazer a energia de Paulo Afonso para o Estado. Mobilizou até o presidente John Kennedy para aportar recursos aplicados na educação estadual.

O segundo acreditou no potencial do estado e trouxe do Japão a tecnologia de criação de camarões em viveiros. O estado tornou-se o principal produtor nacional do crustáceo, além de ter implantado projeto agrícola na Serra do Mel, que até hoje coloca o RN como um dos maiores produtores de cajú e frutas tropicais.

Por Ney Lopes -  nl@neylopes.com.br. Jornalista, advogado e ex-deputado federal. 

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