O presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), anunciou, nesta quinta-feira (14), uma
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para criminalizar o porte e posse de
substância ilícita em qualquer quantidade, contrariando a tendência de um
julgamento do Supremo
Tribunal Federal (STF) sobre o porte de maconha.
O texto da PEC deve ser apresentado até amanhã (15), em
busca das assinaturas de pelo menos um terço dos senadores. A proposta incluirá
um novo inciso no artigo 5º da Constituição. Além disso, segundo Pacheco, a
questão também será objeto de uma revisão da Lei Antidrogas, de 2006, com o objetivo de
modernizá-la e reafirmar a gravidade do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, equiparado a crime hediondo.
Para Pacheco, é necessário abordar tanto a repressão ao
tráfico quanto a descriminalização do porte para uso, seja de maconha ou
qualquer outra droga, por meio de uma política pública discutida no Congresso.
Ele ressalta que qualquer princípio ativo de uma planta que seja útil para
salvar vidas ou melhorar a saúde deve ser aplicado com critérios e observância
das normas.
“Câmara dos Deputados e Senado Federal, nós definimos as
leis no país, e obviamente que esse é um poder que deve ser reconhecido por
todos os demais Poderes e por todas as demais instituições. E em relação a esse
tema das drogas, especialmente da maconha, que é objeto de uma discussão no
âmbito do Supremo Tribunal Federal, já somos capazes de colher o que é o anseio
senão da unanimidade, mas da maioria do Senado Federal, e imagino ser também da
Câmara dos Deputados em relação a isso“, disse Pacheco.
Está em andamento na Suprema Corte um julgamento
sobre a descriminalização do porte
de maconha para o consumo próprio. Até agora, cinco ministros
votaram a favor da descriminalização e apenas um contra. Ou seja, o tribunal
está a um voto de formar maioria pela descriminalização.
Pacheco criticou o julgamento do STF, dizendo que a
decisão da Corte de julgar a descriminalização, sem considerar as deliberações
do Congresso sobre o assunto e sem a possibilidade de criar programas de saúde
pública, é uma “invasão de competência do Poder Legislativo”.
Diversos senadores saudaram o patrocínio da PEC pelo
Senado, entre eles Rogério Marinho (PL-RN). O senador
Eduardo Girão (Novo-CE) parabenizou o presidente do Senado por priorizar
esse tema na reunião de líderes e ressaltou a importância de uma resposta
equilibrada e firme do Congresso à população brasileira, com tolerância zero às
drogas.
O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
expressou satisfação com a atitude do Senado em relação a um tema que afeta
tantas famílias e pode ter um impacto negativo no futuro dos jovens. Já o senador
Fabiano Contarato (PT-ES) disse que “o
problema vai persistir”. “Hoje, se uma pessoa for flagrada
com substância entorpecente ou de efeito psicoativo que determine dependência,
vai ficar ao poder discricionário da autoridade policial estabelecer a
tipificação — se vai ser para uso próprio ou se é para tráfico de substância
entorpecente. (…) Esse caráter subjetivo do que vai ser para uso próprio ou
para tráfico de entorpecentes vai ter um requisito: a cor da pele. Ele vai ter
um requisito: onde esse jovem está sendo abordado.”
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