A Fecomércio Rio Grande do Norte apresentou uma análise
econômica durante a Reunião Conjunta das Comissões de Constituição, Justiça e
Redação (CCJR) e Finanças e Fiscalização (CFF) sobre o aumento da alíquota de
ICMS no estado, realizada na Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira
(7), com a presença de deputados, do secretário de Fazenda, Carlos Eduardo
Xavier e de lideranças do setor produtivo.
Na ocasião, a entidade expôs dados que demonstram que o
aumento da alíquota modal fez com que o Setor Terciário do Rio Grande do Norte,
que vinha apresentando crescimento acima da média nacional até março, tivesse
forte queda, especialmente no comércio.
Considerando as vendas do varejo ampliado, o estado
passou de um crescimento de 4,4%, em março, e estagnou em resultados de apenas
1,7%, ao mês, sob o mesmo período do ano passado, amargando um dos piores
desempenhos do país.
Segundo a Federação, a elevação de 2% no ICMS representa,
na verdade, um aumento de cerca de 14% nos produtos para o consumidor final.
“O empresário sofre por vender menos, porém é no bolso
dos mais pobres que o peso se concentra, colocando uma pressão adicional sobre
as famílias potiguares com menor renda, justamente aquelas que destinam a maior
parte de seus ganhos para alimentação”, destacou o presidente da Fecomércio RN,
Marcelo Queiroz.
De acordo com o levantamento, os preços de Alimentos e
Bebidas, categoria de maior peso na cesta de consumo das famílias, registram
inflação no Rio Grande do Norte, enquanto o restante do país aponta deflação.
Ou seja, enquanto a maior parte da população brasileira tem economizado no
supermercado, o potiguar paga cada vez mais caro.
Nos preços relacionados à moradia, o item de maior peso é
a energia elétrica. Energia cara implica em perda de competitividade. O Rio
Grande do Norte está no TOP 10 nacional de energia elétrica mais cara, sendo
15% superior à média brasileira.
Aumento da alíquota modal não
representa crescimento de arrecadação de ICMS
O estudo da Fecomércio RN também comparou dados de todos
os estados brasileiros, reforçando a conclusão de que não há relação direta
entre o aumento da alíquota modal e a melhora na arrecadação. Muito pelo
contrário. Os estados onde as alíquotas são mais baixas (17%) e onde não houve
aumento de alíquota são os que apresentam maior crescimento da arrecadação do
ICMS.
Segundo o presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz,
as perdas causadas pela Lei Complementar nº 194 de 2022, que foi a motivação
para o aumento temporário do modal, já foram resolvidas com a adoção da
alíquota ad rem para os combustíveis, em todos os estados do país, no mês de
junho deste ano. Essa mudança ocasionou na cobrança por preço fixo de R$ 1,22
por litro de combustível comercializado e não mais por um percentual sobre o
valor de venda. E essa é a origem dos recordes de arrecadação registrada no
estado.
“A legislação aprovada no final de 2022 deixava claro
que, uma vez implementadas as compensações, a Lei não produziria seus efeitos,
ou seja, haveria o retorno da alíquota modal para os 18% originais. No último
dia 24 de outubro, o Diário Oficial da União, confirmou a compensação de tais
perdas, inclusive com o detalhamento da destinação de R$ 278 milhões para o RN.
No nosso entendimento, a partir disso, a Lei não deveria estar produzindo
quaisquer efeitos para o atual debate. Este é um ponto que a Fecomércio entende
que merece ser discutido e aprofundado na Comissão de Constituição e Justiça”,
afirmou.
A entidade diz compreender os esforços do executivo
estadual na tentativa de equilibrar as finanças. “Este é um problema grave que
se arrasta ao longo dos últimos governos. Mas defendemos que as ações não podem
ser pontuais. Além disso, o aumento dos tributos não é a única nem a melhor
saída para o equilíbrio dos cofres públicos. A melhor maneira de aumentar a
arrecadação é fortalecer a nossa economia”, destacou Queiroz.
Tribuna do Norte
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