O governo central, que reúne as contas de Tesouro, Banco
Central e Previdência Social, deve fechar 2023 com déficit primário acumulado
em 12 meses de aproximadamente R$ 125 bilhões, disse nesta quarta-feira (28) o
secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.
Em entrevista para comentar dados fiscais, o secretário
destacou que a tendência é que o resultado mensal de dezembro fique próximo a
um rombo de R$ 10 bilhões. O número oficial será divulgado pelo Tesouro apenas
no fim de janeiro.
De acordo com Ceron, esse déficit acumulado do ano, se
confirmado, ficará em cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), patamar que
ficou mais alto por conta do impacto da aprovação de uma lei que ampliou
repasses do governo federal a Estados e municípios neste ano.
Ele avaliou o provável resultado de 2023 como positivo,
justificando que sem a transferência adicional a Estados e municípios, o
déficit ficaria em cerca de 1% do PIB, patamar que era tratado como alvo pela
equipe econômica.
Em relação às perspectivas para 2024, Ceron afirmou que
as contas do governo devem contar com a ajuda de um repasse da Caixa Econômica
Federal ao Tesouro em valor de até R$ 14 bilhões, relativos a depósitos
judiciais. O pagamento seria feito neste ano, mas atrasou e ficará para os
próximos meses.
Outro fator é um ganho previsto de R$ 20 bilhões após uma
mudança de regras sobre a tributação de transações comerciais entre empresas do
mesmo grupo econômico que operam em diferentes países.
Segundo ele, em nenhum dos dois casos essa receita
adicional está prevista na Lei Orçamentária. Isso significa que o incremento da
arrecadação tende a melhorar o resultado fiscal de 2024, quando o governo tenta
zerar o rombo nas contas públicas.
Ceron também disse que o atraso na implementação de
medidas neste ano pode empurrar ganhos para 2024, citando como exemplo as
mudanças nas regras do Conselho Administrativo De Recursos Fiscais (Carf), que
levaram meses até serem aprovadas.
Após agentes do mercado manterem suas projeções em um
déficit de 0,8% do PIB no ano que vem, segundo o mais recente boletim Focus do
Banco Central, mesmo após a aprovação de uma série de medidas fiscais pelo
Congresso, o secretário disse que esse ceticismo tem aspectos positivos.
“Supondo que os resultados venham melhores (do que as
projeções do mercado), isso afetará positivamente todos os outros indicadores”,
afirmou. “Temos boas perspectivas para 2024.”
CNN Brasil
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