As contas do governo central, que engloba Tesouro
Nacional, Banco Central e Previdência Social, registraram déficit primário
recorde de R$ 230,5 bilhões em 2023.
O número divulgado nesta segunda-feira (29) pela
Secretaria do Tesouro Nacional representa 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
O déficit primário ocorre quando as despesas do governo
superam as receitas. Esta conta, porém, não inclui os custos com o pagamento
dos juros da dívida pública.
O resultado é o segundo pior da série histórica iniciada
em 1997 e fica apenas atrás do resultado de 2020, ano da pandemia de covid-19,
quando o déficit foi de R$ 939,9 bilhões em valores atualizados pela inflação.
Segundo a pasta, o resultado de 2023 foi majorado devido,
principalmente, ao pagamento do estoque de precatórios em dezembro, que não estava
previsto, no valor de R$ 92,4 bilhões.
No acumulado do ano, em termos reais, a receita líquida
apresentou uma redução de R$ 43 bilhões (2,2%) e a despesa total aumentou R$
239,4 bilhões (12,5%) em 2023, quando comparadas a 2022.
Caso não houvesse o pagamento extraordinário de
precatórios, o governo teria fechado as contas em R$ 138 bilhões. O valor
corresponde a 1,27% do PIB.
Mesmo com o resultado, o secretário do Tesouro Nacional,
Rogério Ceron, afirmou que há uma perspectiva de melhora nas contas públicas e
reversão dos resultados negativos.
“Nossa sinalização para o horizonte de médio prazo é de
reversão desta tendência que vem acontecendo em mais de uma década, de piora a
cada um desses ciclos (…). Esperamos que a partir de 2024 o movimento de recuperação
fiscal fique mais nítido”, disse Ceron à imprensa ao comentar os resultados
nesta segunda.
Ao ser questionado sobre um relatório do Tribunal de
Contas da União (TCU) sobre o orçamento do governo federal para 2024 que
apontou receitas superestimadas na peça aprovada pelo governo, Ceron afirmou
que só poderá verificar as projeções até o final de fevereiro, quando poderá
atualizar as projeções.
“A partir do final de fevereiro vamos apresentar os
resultados de janeiro, e vai ser possível verificar os nossos resultados sobre
nossas projeções. Nas mais atualizadas, estamos performando bem, acima do
previsto, no momento as notícias são animadoras em relação a 2024″, disse.
Pior resultado para dezembro
Ainda segundo os dados do Tesouro, em dezembro de 2023, o
resultado primário do governo central foi deficitário em R$ 116,1 bilhões,
frente a um superávit de R$ 4 bilhões em dezembro de 2022. É o pior resultado
para dezembro desde o início da série histórica.
Em termos reais, a receita líquida apresentou um acréscimo
de R$ 6,8 bilhões (3,8%), enquanto a despesa total registrou um aumento de R$
127,2 bilhões (72,3%), quando comparadas a dezembro de 2022.
CNN Brasil
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