O Senado Federal recorreu da decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) que estabeleceu o transporte público gratuito nos dias de
eleição, com validade já no pleito deste ano. O recurso assinado na última
sexta-feira, 9, pede que a política pública seja debatida pelos parlamentares,
e não imposta pelo Judiciário. Caso seja mantida a gratuidade, a Casa Alta
defende que o benefício seja custeado pela Justiça Eleitoral, sem ônus,
portanto, para Estados e municípios.
Para o Senado, a decisão não levou em conta elementos
importantes para que a gratuidade se torne uma realidade. Por exemplo, não está
claro na deliberação do STF como será o diálogo entre os municípios e as
concessionárias de transporte. “Sem uma fonte de financiamento clara, tal
decisão pode levar a cortes em outras áreas essenciais ou ao aumento da dívida
pública, afetando a solvência futura do ente e a sua capacidade de investir em
áreas prioritárias”.
“Como se vê, políticas de gratuidade no transporte
público causam um choque significativo nas finanças municipais e podem resultar
em aumentos explosivos nas tarifas pagas pelos passageiros […]. A isenção a ser
aplicada automaticamente em 2024 provocará desequilíbrio econômico e financeiro
nos contratos entre os entes federativos com as empresas de transporte”, diz
outro trecho.
O recurso foi assinado pela coordenadora do Núcleo de
Assessoramento e Estudos Técnicos, Gabrielle Tatith Pereira, pelo
advogado-geral adjunto de Contencioso, Fernando Cesar Cunha, e pelo
advogado-geral do Senado, Thomaz Gomma de Azevedo.
LEIA A ÍNTEGRA DO RECURSO DO SENADO
Em outubro do ano passado, o plenário do STF determinou,
por unanimidade, a gratuidade do transporte público em dias de eleição. Além
disso, a Corte decidiu que a frota seja disponibilizada integralmente.
Durante o julgamento desta pauta, o presidente do STF,
ministro Luís Roberto Barroso, disse que a tarifa causa uma “grande
exclusão eleitoral” no País e impede que pessoas mais pobres exerçam o direito
ao voto. Ele afirmou ainda que é inconstitucional que Estados e municípios se
neguem a disponibilizar o transporte gratuito.
Estadão
Conteúdo, por Alex Braga
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