O presidente do Instituto de Previdência dos Servidores
Estaduais do Rio Grande do Norte (Ipern), Nereu Linhares, apelou para que os
servidores que correram para ingressar com pedido de aposentadoria devido à
possibilidade de perda de benefícios revoguem a solicitação. Em entrevista à
Jovem Pan News Natal, na manhã desta segunda-feira (8), disse que o rombo na
Previdência Estadual está em R$ 100 milhões mensais e, caso ocorra o aumento
significativo no número de aposentados, a situação vai piorar.
Na semana passada, o ministro Nunes Marques, do Supremo
Tribunal Federal (STF), suspendeu os efeitos do acórdão do Tribunal de Contas
do Estado sobre aposentadorias no Estado, que determinava o dia 25 de abil como
o prazo máximo para aposentadorias de servidores não concursados dentro do
regime previdenciário próprio. Assim, os trabalhadores que não se aposentassem
até a data-limite perderiam benefícios e seriam incluídos no regime gerido pelo
INSS. A previsão gerou uma corrida por requisições no Ipern. Antes da medida
ser revogada, uma avalanche de pedidos de aposentadoria foram realizados.
De acordo com o Ipern, seriam quase 4 mil pessoas que
seriam forçadas a se aposentar para não perderem os benefícios aposentadoria
caso a medida não fosse revogada. Somente nos dois primeiros meses de 2024,
2.031 servidores ingressaram com pedidos de aposentadoria, enquanto todo o ano
de 2023 somou 2.503. O agendamento de boa parte dos servidores ficou para
fevereiro de 2025. Porém, caso sejam efetivadas, o custo para a Previdência
pode subir em até R$ 30 milhões por mês.
“Essa decisão, mesmo em liminar, dá garantia total aos
servidores. Caso se tenha uma alteração, haverá um novo prazo para as
aposentadorias. Mas essa decisão não deverá ser revogada porque não existe na
Constituição essa previsão. A aposentadoria compulsória só existe em duas
situações: aos 75 anos e por invalidez. Fora isso, não existe. O próprio STF,
sobre decisões de aposentadorias, nunca falou em aposentadoria compulsória”,
avaliou Nereu Linhares.
Para ele, o direito adquirido é não pode ser retirado dos
servidores. Além do problema que acarretaria à gestão pública, também
ocasionaria perdas nos vencimentos dos servidores, que têm o abono de
permanência e auxílio-alimentação, por exemplo. Por isso, Nereu Linhares
acredita que a maior parte dos que deram início aos trâmites para a
aposentadoria irão voltar atrás.
“Não existe mais nenhum risco. O servidor que já
requereu, ele pode pedir desistência ou cancelar o agendamento, porque se no
futuro tiver pedido contrário, haverá novo prazo. Vamos relaxar, cancelar os
agendamentos que foram feitos”, disse. “O servidor que já tiver levado a
documentação terá que fazer isso por escrito que está desistindo. Quem
apresentou a documentação, deve comparecer ao mesmo lugar e apresentar por
escrito o pedido de desistência”, explicou, afirmando ainda que espera um
cancelamento de 70% dos agendamentos e entre 20% e 30% dos pedidos que já
tiveram o encaminhamento de documentação.
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