O pagamento das
parcelas referentes ao retroativo do reajuste do piso dos professores de 2023
foi suspenso pela Justiça do Rio Grande do Norte. A informação foi confirmada
pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte
(Sinte-RN). Os valores retroativos são resultado de uma negociação entre a
categoria e o Governo do Estado e foram divididos em 19 parcelas, das quais
duas já foram pagas. Agora, com a decisão liminar da Justiça, o pagamento das
17 parcelas restantes está congelado.
A Justiça
considerou que os aumentos foram dados sem considerar os impactos orçamentários
e financeiros. Na decisão, o desembargador Cláudio Santos considerou a
preocupação com a situação financeira do Estado. “…se conclui igualmente
presente o requisito do periculum in mora, pois o reajuste automático da
remuneração de servidores inegavelmente agravaria ainda mais a situação
financeira do ente público. Forte nessas razões, voto no sentido de afastar a
prejudicial de sobrestamento; acolher a preliminar de nulidade da decisão
impugnada; e, adentrando no mérito do Agravo Interno, voto pelo seu provimento
para garantir o processamento da ADI no seu todo e deferir a medida cautelar”.
O pedido para suspender o aumento foi feito pelo
Ministério Público, que sustenta que o Estado não tem condições de suportar
financeiramente sucessivos – e agora automáticos – reajustes a uma grande
classe de servidores. A petição destaca que somente o incremento remuneratório
de 33,24%, conforme a Lei Complementar Estadual nº 701/2022, teve um impacto
financeiro no exercício de 2023 de quase R$ 1,5 bilhão. Além disso, com a
edição da Lei Complementar Estadual nº 737/2023, prevendo novo reajuste de
14,95%, dividido em três etapas, o “impacto será ainda mais significativo”, de
acordo com o MP.
Os reajustes do piso nacional do magistério motivaram
sucessivas greves na educação do Rio Grande do Norte, que ficou paralisada por
meses. Em fevereiro de 2022, os professores entraram em greve para cobrar a
implementação do aumento salarial de 33,24%, aprovado pelo governo federal. À
época, os professores fizeram um acordo com o Governo para parcelar o reajuste
conforme faixas diferentes de salário. Situação semelhante ocorreu em abril do
ano seguinte, quando os educadores paralisaram as atividades para pressionar a
implementação de 14,95% referente ao piso 2023.
Novamente, Executivo e categoria entraram em um acordo
para dividir o reajuste e acumular mais parcelas, que só começariam a ser pagas
após quitar o acordo referente ao reajuste de 33,24%, do ano anterior. Neste
ano, o Governo do Estado sancionou novo reajuste de 3,62%, de acordo com a
Portaria nº 61/2024, do Ministério da Educação. Embora seja o Governo Federal
responsável por reajustar os salários dos professores, são os Estados e
Municípios que devem arcar com os custos.
Socorro diz ainda que o Governo estuda a melhor forma de
responder à decisão judicial. “Nós não definimos ainda, mas, com certeza, tanto
o Sinte, como representante legal da categoria, quanto o Governo do Estado,
porque temos a devida consciência e responsabilidade de que estamos tão somente
cumprindo uma lei. Foi um acordo, que passou pela Assembleia Legislativa, com
todos os impactos conhecidos, então estamos tranquilos quanto a isso porque há
uma lei”, complementa a secretária.
O coordenador-geral do Sinte, Bruno Vital, acrescenta que
a decisão afeta o pagamento das parcelas futuras, mas não interfere no que já
foi pago. “O que o MP pediu foi que o que ainda não foi implementado continue
assim. O que já está no contracheque, nos vencimentos das pessoas, isso se
mantém. O Tribunal de Justiça deferiu a liminar de que aquilo que foi
incorporado no salário dos servidores permanece. Ninguém devolve. O que fica
atingido são essas 17 parcelas do retroativo”, detalha.
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