Entre os estados brasileiros, o Rio Grande do Norte tem
a maior despesa com pessoal, de acordo com um estudo realizado pela Fecomércio RN.
A análise foi divulgada na audiência pública que debateu o projeto que visa
reajustar a alíquota do ICMS de
18% para 20%, na última terça-feira 3, na Assembleia Legislativa do RN.
A reunião teve a presença de entidades do setor produtivo do estado, que
reafirmaram o posicionamento contra o aumento da alíquota.
Segundo o estudo, o principal problema gira em torno das
despesas obrigatórias, especialmente com pessoal. O Rio Grande do Norte é o
estado com maior despesa nesta categoria em todo o Brasil, superior aos limites
legais e prudenciais e sendo o único no Nordeste acima do limite máximo
permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que fica abaixo de 50% da
Receita Corrente Líquida (RCL). A porcentagem do RN fica entre 55% e 60%.
O estudo ainda mostra que o RN possui um risco elevado de
ter dificuldade de manter os pagamentos em dia. A nota da Capacidade de
Pagamento, avaliação realizada pelo Tesouro Nacional, marca em C, que indica
vulnerabilidades na situação financeira e dificuldade em obter empréstimos,
além da falta da garantia da União para melhores condições nas operações de
crédito.
Além disso, a receita do Rio Grande do Norte tem crescido
nos últimos anos acima da média dos demais estados, aumentando em 21,3% de 2023
e 2024, enquanto a região Nordeste cresceu em 18,1%, segundo o estudo. No
entanto, as despesas cresceram em um ritmo maior em comparação com as receitas.
O indicador de pessoal estava em queda de 2021 para 2022, mas começou a
aumentar em 2023 e cresceu ainda mais em 2024.
RN é o estado que menos investe em todo o país
O Rio Grande do Norte é, ainda, o estado que menos
investe no Brasil, enquanto os demais estados do Nordeste investem cerca de
três vezes mais, conforme apontado pela análise da Fecomércio RN. A
apresentação considerou os investimentos acumulados em 2023 a partir da Receita
Corrente Líquida (RCL) e mostrou que o RN investiu pouco mais de 2% da RCL,
enquanto Pernambuco investiu cerca de 4% e a Paraíba, vizinha do RN, 13%.
Bahia, Alagoas e Piauí são os estados nordestinos que mais investem no Brasil,
nesta sequência. Já a média dos estados marca 7%.
Mesmo com o aumento para R$ 427 milhões permitido pelo
Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF) em 2024, duas vezes maior que no
ano anterior, o montante ainda não é suficiente para alavancar a economia. O RN
aderiu ao plano, mas ainda precisa ajustar os gastos de pessoal para receber os
benefícios do PEF, com o risco de perda de R$ 1,2 bilhão em operações de
crédito nos próximos três anos caso haja descumprimento dos limites
estabelecidos pelo plano.
Mesmo com aumento de ICMS a 20%, arrecadação não é
suficiente para resolver o déficit, segundo estudo
Segundo avaliado pela Fecomércio, o aumento da carga
tributária não é a melhor opção para cobrir a necessidade das receitas nem no
melhor dos cenários. Entre as alternativas para equilíbrio fiscal, o estudo
incluiu o controle de despesas, o aumento na eficiência da arrecadação e a
privatização de ativos, como a Caern.
A análise mostra que o valor líquido seria somente de R$
412 milhões, por conta dos repasses para os municípios e o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb), sendo insuficiente para resolver o déficit. Além disso, o
aumento da alíquota pode piorar a economia e a arrecadação, segundo a análise
feita pela entidade.
A arrecadação do ICMS, no entanto, está em recuperação e
superou os níveis do segundo semestre de 2023. A Fecomércio defende que o ICMS
a 18% contribuiu para a recuperação financeira de 2023 para este ano. Em
entrevista ao AGORA RN, o presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz,
defendeu que a alíquota a 18% fez o estado liderar o crescimento econômico no
país em 2024.
Na economia do Rio Grande do Norte, a previsão é de
crescimento de 6,2% em 2024, de acordo com dados obtidos pelo Banco do Brasil e
divulgados no estudo da Fecomércio. O destaque foi para a indústria de
transformação, que cresceu em 20,2%, e o comércio, com crescimento de 5,3%.
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