A Secretaria do Tesouro Nacional rejeitou a contratação
de um empréstimo de 180 milhões de dólares (cerca de R$ 1 bilhão) entre o
Governo do Rio Grande do Norte e o Banco Mundial. A decisão foi tomada após a
constatação de que o Estado ultrapassou o limite de despesas com pessoal
estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O Governo alega que
conseguirá reverter a decisão.
“O processo que trata do PVL da operação
(17944.006550/2024-61) foi arquivado pela STN de ofício por ultrapassar e
violar o montante disponível no Espaço Fiscal do Estado”, afirma o parecer da
STN.
O PVL (Pedido de Verificação de Limites e Condições) é um
requisito para operações de crédito envolvendo entes federativos. Apesar da
recusa inicial, o secretário adjunto de Planejamento do Estado e coordenador do
Projeto RN Sustentável, Dionísio Gomes, mostrou-se confiante na reversão do
quadro. “Estamos apresentando toda a estrutura financeira exigida. Temos
certeza de que vamos convencê-los, pois o valor total foi aprovado em 2011 e já
utilizamos uma parte”, declarou.
Ele diz que o contrato segue em análise pelo Banco
Mundial e tem previsão de assinatura para janeiro de 2025. O impasse, no
entanto, ganhou destaque após ser mencionado pelo deputado estadual Gustavo
Carvalho em pronunciamento na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte,
que afirmou ter o Banco Mundial recusado a concessão do empréstimo. O
parlamentar criticou o desequilbrio fiscal do Estado.
Além de exceder os limites de gastos com pessoal, a
Procuradoria da Fazenda Nacional considera que os recursos configuram um novo
empréstimo, e não a continuidade do contrato original. Gomes rebateu a
interpretação: “Esse processo deve ser concluído em janeiro, quando assinaremos
o contrato. São 180 milhões de dólares, sendo 80% destinados a estradas e 20% a
turismo e agricultura familiar, fomentando o desenvolvimento do interior do
RN.”
Os recursos são essenciais para a continuidade do
programa de recuperação de estradas estaduais. Segundo o Governo, o
planejamento inclui a recuperação de 500 km de rodovias por meio do Programa
Governo Cidadão, financiado pelo Banco Mundial, além de 130 km em parceria com
o DNIT e outros 140 km no processo de federalização da RN-104, que passará a
integrar a malha rodoviária federal.
Originalmente, a segunda fase das obras seria custeada
com recursos do Programa de Equilíbrio Fiscal (PEF). No entanto, o Secretário
Estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, confirmou que o Estado não receberá
a parcela de R$ 400 milhões prevista para 2025 pelo mesmo motivo que a STN
impede a continuidade do empréstimo com o Banco Mundial: o descumprimento da
meta de redução de despesas com pessoal.
O Governo poderá retomar o acesso ao PEF em 2026, caso
alcance a meta de 2025, que exige uma redução de 0,7% no comprometimento da
folha de pessoal em relação à Receita Corrente Líquida (RCL) do Estado. Isso
equivale a uma redução de 10% sobre a diferença entre o limite máximo de 49%,
estipulado pela LRF, e o percentual atual de 56% da RCL dedicado a salários de
servidores públicos. “Há dificuldades que estão sendo superadas, já que estão
relacionadas à Receita Corrente Líquida, que contabiliza os últimos doze meses.
Estamos apresentando informações recentes e aguardando aprovação”, concluiu
Dionísio Gomes.
Tribuna do Norte
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