A governadora Fátima Bezerra (PT) admite que o presidente
Lula precisa melhorar sua atuação na região Nordeste, caso venha a disputar a
reeleição em 2026. Em entrevista ao blog da jornalista Renata Agostini, no site
de “O Globo” nesta terça-feira (28), a governadora do Rio Grande do Norte disse
que o apoio dos nordestinos a Lula não está garantido: “De jeito nenhum, muito
pelo contrário. Tem que intensificar a presença do Nordeste este ano e cada vez
mais”.
Mesmo assim, a governadora do Estado acha que “é o tempo
da colheita, de entregar essas obras” do presidente Lula: “Não podemos baixar a
guarda. O governo tem que se fazer mais presente exatamente aqui no Nordeste.
Não só Lula, mas também os ministros. A gente tem que ter muita atenção para os
investimentos previstos para corresponder às expectativas da população”.
Fátima Bezerra aposta na intensificação de obras, até o
início do primeiro semestre de 2026, como a conclusão em 100% do projeto de
transposição das águas do São Francisco, no Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Ceará e Paraíba. A governadora também afasta a possibilidade de Lula voltar a
concorrer ao cargo numa chapa “puro sangue”, tendo um candidato a vice em
substituição ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
“Não, não dá, de forma alguma. Tem que fazer aliança,
continuar fazendo e ampliando. O compromisso com a defesa da democracia não é
tarefa apenas para um partido”, disse Fátima Bezerra, que garante um conjunto
de partidos no Rio Grande do Norte “para que a gente tenha frente ampla
conectada com a frente a nível nacional e não permitir retrocesso”.
Fátima Bezerra falou a “O Globo” antes da divulgação da
Pesquisa Quaest, na segunda (27), que apontou uma taxa de desaprovação do
governo de 49%, superando a aprovação pela primeira vez, influenciada
principalmente pelo Nordeste, onde a aprovação da gestão Lula caiu 8%.
Em relação ao fraco desempenho do PT e da esquerda nas
eleições municipais do ano passado, Fátima Bezerra creditou o crescimento da
direita ao fundo um fundo partidário bilionário dos partidos de direita. “Tem
ainda o fato de que partidos da base do governo se aliam a adversários do PT
nos Estados. Eles acabam sendo muito beneficiados também com as emendas
parlamentares. Não é mais uma coalizão presidencialista, mas uma coalizão
congressual”, disse.
Porém, ela acha que Lula continua forte no Nordeste,
exemplificando o caso de Natal, onde o PT há 28 não ia ao segundo turno:
“Diziam que a candidatura de Natália Bonavides era só para marcar presença.
Tivemos uma derrota eleitoral, mas uma vitória política. E Natália saiu
fortalecida inclusive dentro desse movimento de renovação que o PT está
precisando”.
Fátima Bezerra também falou sobre o atraso na execução de
projetos financiados com o chamado Fundo da Caatinga, entendendo que a ministra
Marina Silva (Meio Ambiente) “tem toda a sensibilidade, mas veio a ideia de se
criar um fundo para todos os outros biomas”.
Segundo a governadora, “a questão é que não dá mais para
a gente esperar. O processo de desertificação aqui no Nordeste é violento.
Precisamos do financiamento para trazer academia, avançar nos estudos com base
científica. Então, demos um passo importante agora porque firmamos com o BNDES,
que irá estruturar o fundo e coordená-lo”.
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