O Rio Grande do Norte corre o risco de ficar de fora do
Leilão de Reserva de Capacidade, que será realizado pelo Ministério de Minas e
Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica, em 27 de junho deste ano.
Isso porque, conforme apurado pela reportagem, não haverá tempo hábil para o
cadastro de projetos no leilão, se for mantida a necessidade do Estudo de
Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para a emissão
da Licença Prévia (LP), conforme estabelecido pelo Idema. Segundo interlocutores,
o EIA/RIMA requer tempo – aproximadamente um ano para ser concluído – mas o
cadastro dos projetos para o leilão deve ser finalizado até o próximo dia 14 de
fevereiro.
Para tentar solucionar o gargalo, a Comissão Temática de
Energias Renováveis da Federação das Indústrias do RN (COERE), encaminhou um
ofício, no início deste mês, à Secretaria de Desenvolvimento Econômico
(Sedec/RN), solicitando que fosse encaminhada à Casa Civil a minuta de um
decreto, fruto de discussões entre a Fiern e a Procuradoria Geral do Estado
(PGE-RN), que estabelece que poderá ser expedida LP “para fins de participação
em licitação pública a empreendimentos geradores, transmissores e comercializadores,
mediante a apresentação de Estudo Ambiental Preliminar na modalidade de
Relatório Ambiental Simplificado (RAS)”.
O ofício encaminhado pela COERE pede urgência no trâmite
do processo de aprovação do decreto “pela necessidade de o Estado permitir,
factualmente, o desenvolvimento do Rio Grande do Norte com equilíbrio efetivo
entre o pilar ambiental, o econômico e o social, e não sobrepujando o
crescimento econômico quando os riscos ambiental e social não são afetados”. O
documento da COERE cita também que o RAS já é uma prática em outros estados
brasileiros. De acordo com o diretor de Logística da Ponte Nova Energia, Alcides
Santoro, caso o decreto não seja aprovado até esta sexta-feira (24), não haverá
mais tempo hábil para o cadastro de projetos no leilão.
A Ponte Nova Energia tem a intenção de cadastrar o
projeto de uma usina termoelétrica de aproximadamente 300 megawatt, prevista
para ser instalada em Macaíba, na Região Metropolitana de Natal. “A usina vai
servir para garantir segurança ao sistema elétrico, porque, mesmo diante do
crescimento de energias renováveis, ocorre de algumas vezes acontecer alguma
parada na geração e aí, é necessário complementar. O nosso foco é esse, por
isso, a participação em um leilão de reserva de capacidade”, explica Santoro.
A situação do RN, contudo, causa bastante preocupação,
segundo ele. “O Rio Grande do Norte é o único estado em que é preciso o Estudo
de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental para tirar a licença
prévia. E, para isso, é preciso investir não apenas dinheiro, mas tempo também
– pelo menos um ano para concluir o relatório. O Estado tem forte vocação
energética, mas não se adequou às regras do leilão. Nas demais unidades
federativas, o RAS pode ser feito em um mês”, afirma o diretor de Logística da
Ponte Nova Energia, empresa que tem um projeto no Mato Grosso do Sul e está
desenvolvendo outros para Minas Gerais e Goiás.
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